2009 - Morre um mito
1963- Começa o sofrimento...
Nascido em Indiana, cheio de irmãos e um pai pra lá de austero. Foi descoberto por Dianna Ross e com 5 anos já era conhecido pelo seu carisma e talento.
O que nem todos sabiam era o preço que ele pagava por isso. Horas de ensaio, pancadas, choro e infelicidade.
Tudo tinha de ser perfeito...foi assim que ele foi "domesticado".
Com isso, aprendeu a não estar contente com nada, nem com sua própria aparência.
Era lindo, afro descendente, com todas as suas mais lindas características, mas ele não queria ser parecido com o pai.
Então vieram as tentativas de mudança, que na cabeça de uma pobre e iludida criança, viria com a sua mudança de cor. Vitilígo foi a alegação pra isso. Dormir em cama hiperbárica o faria não envelhecer, isso seria perfeito!
Furinho no queijo e um nariz arrebitadinho ao invés daquele de "batata"...mas até lá, no país dos "perfeitos", os médicos erram...
Sua dor por não ter ficado "perfeito" ao longo destes anos todos, o levou a tentar amenizar seu sofrimento através dos remédios, a quem declarou ser viciado em 1993.
Com o passar do tempo ele tentou ser feliz de outras formas: casou com a filha do rei, mas não deu muito certo...
Foi morar em Neverland (Terra do Nunca), onde realmente o nunca pra tudo predominou...nunca foi feliz, nunca atingiu sua plenitude, nunca deixou de envelhecer, nunca mais foi belo.
Como criança, queria estar rodeado delas...Mas contam que pessoas que sofrem de abuso quando crianças, também se tornam abusadores e ambas afirmações "parecem" ter acometido o infeliz.
Teve 3 filhos, Prince Michael I, Paris, Prince Michael II...como??? Ninguém sabe!
Um coração bom, ajudava a quem precisava, coração que até ontem mantinha as características de menino...infeliz.
Buscou na religião algo que lhe desse sentido, converteu-se ao Islamismo, mas não achou esse sentido...
Na tentativa de que seus filhos o vissem nos palcos, quis voltar a cantar, dançar e encantar...mas a idade que não retrocedeu com a câmera hiperbárica, já pesava no seu corpo franzino.
Mais uma dor que foi acentuada por uma queda, por um diagnóstico de câncer de pele, por uma possível perda do nariz "arrebitado" que nem cartilagem mais tinha, por pura falta de vontade de viver, sem vontade de comer...
Mas uma dose de remédio pra aliviar essa dor que nunca saiu de mim - pensou ele, infelizmente pra nós, a última dose!
Essa foi a história de uma criança negra, linda que tinha tudo pra ser feliz, mas que a cobiça (do pai?), o tornaram um ser com aparência alienígena, sempre em busca de perfeição, o ser mais infeliz e com uma dor de viver intensa.
O que ele me ensinou ontem?
- ninguém é ou será perfeito;
- nunca haverá felicidade plena, neste mundo;
- a deixar que meus filhos escolham seu rumo;
- ter maturidade pra aceitar que a idade aumenta com o passar do tempo, mas não significa que com isso serei velha;
- dor pelo fracasso não sai com remédios;
- viver os momentos;
- administrar bem minhas finanças;
- não querer ter o que não posso;
- NUNCA PASSAR NEM PERTO DE "NEVERLAND", pois a vida é cheia de possibilidades!!!
- a me aceitar como sou!!!
À essa criança, que nunca conheceu o verdadeiro eu, a sua essência.
À essa criança que buscou a vida toda pela felicidade;
À essa criança que, na busca da fantasia surreal, foi morar em Neverland e que agora pode até estar lá, fica aqui a minha homenagem póstuma.